Flavia Franceschetti
5 min de leitura

Objetivo deste guia: explicar, de forma simples, quando clínicas e laboratórios podem recuperar valores de PIS/COFINS e o que é necessário para comprovar o direito com segurança.


O que são créditos de PIS/COFINS e por que isso importa

PIS e COFINS são tributos cobrados sobre o faturamento. Em alguns casos, a lei permite “descontar” despesas ligadas diretamente ao serviço prestado — isso se chama “crédito”.

Na área da saúde, muitos itens usados no atendimento ao paciente podem gerar crédito, desde que você cumpra as regras e tenha a documentação em ordem.

Na prática, isso pode significar pagar menos tributo todo mês e até recuperar valores dos últimos 5 anos.

Ponto-chave: o direito ao crédito depende do regime de tributação da sua empresa. Em geral, quem está no Lucro Real tem mais chances de aproveitar créditos. Quem está no Lucro Presumido tem oportunidades específicas e outras estratégias (como a equiparação hospitalar para IRPJ/CSLL).


O que é “insumo” para fins de PIS/COFINS

Pense em “insumo” como tudo aquilo que é necessário para você prestar o serviço com segurança e qualidade

A lógica é: se sem aquele item o procedimento não poderia ser feito (ou não atenderia às normas de saúde), ele tende a ser um bom candidato a crédito.

Dois critérios simples: 

1. Essencialidade: sem o item, não dá para atender o paciente com segurança. 

2. Relevância: o item melhora a qualidade, reduz riscos, cumpre regras sanitárias ou é exigido por protocolos.


Exemplos práticos em saúde (quando a regra costuma ajudar)

1. Equipamentos de proteção (EPI): máscaras, luvas, aventais, óculos de proteção. 

2. Esterilização e antissepsia: materiais e testes usados para garantir instrumentos limpos e seguros.

3. Materiais descartáveis do atendimento: seringas, cânulas, campos cirúrgicos, equipos. 

4. Manutenção e calibração de equipamentos: peças e serviços para manter aparelhos críticos funcionando e com resultados confiáveis.

5. Itens de controle de qualidade (principalmente em laboratório): reagentes e materiais de teste. 

6. Gestão de resíduos de saúde (RSS): embalagens e coletores obrigatórios. 

7. Utilidades ligadas ao procedimento: gases medicinais (como oxigênio) e, em alguns casos, parte da energia elétrica usada diretamente no processo assistencial (quando dá para medir de forma clara).

Em geral, itens de escritório, limpeza de áreas administrativas, marketing, café e despesas “de apoio” não entram. Foque no que é usado no atendimento ao paciente ou é exigido por normas de saúde.


Serviços de terceiros: quando podem contar

1. Esterilização feita por empresa parceira. 

2. Limpeza de áreas “críticas” (por exemplo, centro cirúrgico), com procedimentos específicos.

3. Transporte de amostras para exames (com controle de temperatura, quando preciso). 

4. Manutenção e calibração de equipamentos usados no atendimento.

A chave está no vínculo com o atendimento ao paciente. Quanto mais direto e obrigatório for o serviço para o procedimento, maior a chance de contar.


Como comprovar: o que guardar e organizar

Monte um “dossiê” simples, por tipo de gasto. Recomendado: 

1. Descrição do procedimento e onde o item/serviço é usado (um fluxograma simples ajuda). 

2. Documentos que mostram a necessidade: protocolos internos, normas sanitárias, POPs. 

3. Rastreabilidade: notas fiscais claras (com boa descrição), contratos/ordens de serviço, números de lote quando existir, relatórios de manutenção/calibração. 

4. Quando o gasto é “compartilhado” (ex.: energia), tenha um critério objetivo para dividir (m², horas de uso do equipamento, número de procedimentos, etc.). 

5. Registros contábeis e fiscais coerentes com as notas e com o que foi usado no atendimento. 

Se a explicação do item na nota fiscal for genérica, peça para seu fornecedor detalhar melhor. Descrição clara evita glosa (perda do crédito).


Recuperação dos últimos 5 anos: dá para fazer?

Sim, quando a clínica/laboratório se enquadra para aproveitar créditos e tem documentação. Caminho prático:

1. Levantamento dos itens/serviços usados no atendimento e das notas dos últimos 5 anos. 

2. Separar o que realmente tem vínculo com o procedimento. 

3. Somar, mês a mês, os valores de crédito possíveis. 

4. Ajustar registros e fazer o pedido de compensação/restituição da forma correta. 

Regra de ouro: vá do “mais certo para o menos certo”. Comece pelos créditos com documentação redonda e vínculo direto com o atendimento. Isso acelera resultados e reduz riscos.


Erros comuns (e como evitar)

1. Achar que todas as empresas podem aproveitar créditos do mesmo jeito. 

2. Tentar creditar gastos de administração, marketing ou estrutura de escritório. 

3. Não ter critério para dividir custos compartilhados (o “chute” derruba o crédito). 

4. Notas com descrição vaga do item/serviço. 

5. Desorganização dos documentos (falta de comprovação derruba até créditos bons).


Perguntas rápidas

  • Estou no Lucro Presumido: vale a pena olhar créditos?

Em geral, as chances são menores do que no Lucro Real. Mas ainda existem ajustes importantes e outras estratégias para reduzir tributos (por exemplo, equiparação hospitalar para IRPJ/CSLL). Vale fazer um diagnóstico.

  • Limpeza sempre dá crédito?

Não. Limpeza técnica de áreas críticas pode ajudar. Limpeza de áreas administrativas, não.

  • Energia elétrica entra?

 Pode entrar a parte usada diretamente no atendimento, quando dá para medir ou justificar a divisão com números claros. Sem isso, o risco de perder o crédito aumenta. 

  • Preciso de advogado para tudo?

Para organizar documentos e rotinas, sua equipe contábil e de gestão ajuda muito. Para recuperar valores e formalizar pedidos, o apoio jurídico especializado reduz riscos e acelera.


Conclusão

Para clínicas e laboratórios, o segredo é transformar o dia a dia do atendimento em prova simples e organizada: o que foi usado, por que é necessário, onde aparece na nota, como está anotado na contabilidade. Com isso em mãos, você reduz tributos de forma segura e pode recuperar valores importantes.


Como podemos ajudar (próximo passo)

Diagnóstico rápido: mapeamos seus procedimentos e identificamos onde há crédito com baixo risco.

Organização dos documentos: criamos seu “dossiê” padrão, com critérios de divisão quando for preciso.

Recuperação de 5 anos: executamos o passo a passo com segurança, priorizando o que tem maior chance de êxito.

Agende um atendimento com um dos nossos especialistas. 


Comentários
* O e-mail não será publicado no site.